terça-feira, 24 de junho de 2014

Jackson do Pandeiro Racional


 Junho é tradicionalmente mês de muita animação no Nordeste, por conta das festas de Santo Antônio (13/06), São Pedro (29/06) e, sobretudo, São João (23 e 24/06). Mas a festa junina não é somente lembrada por isso. Musicalmente, o forró predomina na região nesta época do ano - e nomes de peso como Luiz Gonzaga, Elba Ramalho, Dominguinhos, Geraldo Azevedo, Flávio José, Alceu Valença, entre outros, ganham mais destaque.

No entanto, é de outro grande nome que venho falar aqui hoje. De perfil ímpar e agitado, Jackson do Pandeiro (1919-1982) não se restringiu apenas ao universo do forró, coco e xaxado. Fez conexão com estilos aparentemente distintos, como o rock (quem não se lembra do sucesso Chiclete Com Banana? "Eu só boto bebop no meu samba quando o Tio Sam tocar no tamborim (...)/ Aí eu vou misturar Miami com Copacabana / Chiclete eu misturo com banana/ E o meu samba vai ficar assim"), jazz e a bossa nova. Influenciou gente importante, de João Gilberto, passando por Genival Lacerda e Bezerra da Silva, e movimentos como a Tropicália (anos 60 e 70) e o Mangue Beat (liderado por Chico Science nos anos 90). 

Mas o que talvez muita gente não saiba, exceto seus maiores admiradores e pesquisadores, é que o Rei do Ritmo já teve sua fase racional a partir de 1974 - ideia oriunda da obra Universo em Desencanto, que ficou conhecida nacionalmente pelas canções de.Tim Maia por seus dois discos independentes lançados em meados dos anos 70. Fundada por Manoel Jacintho Coelho, a denominação baseia-se no "conhecimento de retorno da humanidade ao seu "verdadeiro mundo de origem", o Mundo Racional, por meio da uma Energia Racional, que faria a ligação do ser humano ao Mundo Racional", (Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Universo_em_Desencanto). Para explicar melhor a chamada Cultura Racional, vamos a duas canções interpretadas pelo próprio Jackson, compostas por João Lemos para o álbum Alegria, Minha Gente (Chantecler/Warner), de 1978: A Luz do Saber e a faixa-titulo.


A Luz do Saber
(João Lemos)


Olha aqui, preste atenção, vou falar
A Cultura racional tá ai para ensinar
(bis)

Na cultura eu aprendi na realidade o que sou
Um animal racional que há muito se deformou
No vago ser sem destino que a natureza criou
Mas que já fui habitante de um mundo superior


Olha aqui, preste atenção, vou falar
A Cultura racional tá ai para ensinar
(bis)

Eu agradeço a natureza que corresponde ao meu ser
O ter me dado direito de um dia entender
Que na cultura racional está a luz do saber...



Alegria Minha Gente
(João Lemos) 

Alegria minha gente
Que a salvação chegou
Batam palmas e digam viva
Ao racional superior
(bis)

Muito distante do sol
E acima do astral
Existe uma planicie
É o mundo racional
Este mundo é perfeito
É justiça e é razão
É limpeza e é pureza
Só existe perfeição
E é de lá que nós somos
Com justa causa e razão.

 

A pergunta que lanço para os fãs do Rei do Ritmo: ele seguiu com esses ideais até a morte, ou abandonou o Universo em Desencanto logo depois, tal qual Tim Maia?
Quem sabe mais do que eu sobre o assunto, pode comentar!



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